Introdução à arqueologia brasileira – etnografia e história

outra feição. As araucárias marcam precisamente a paisagem. A erva-mate domina. As ondulações estabelecem campos gordos, terras de pastoreio. Muito perto ficam as rechãs cobertas de florestas do Rio do Peixe, as mesmas densas, copadas, intrincadas florestas, que se estendem pela Serra do Mar afora até os pontos agressivos da zona alta da Bahia. Nela os penhascos se alteiam, os declives e os precipícios riscam o rebordo por onde avança

o frondejamento da massa vegetal. Mas ainda não há a igualdade, a sombria feição monótona da vegetação amazônica. Seu escarpamento, a variedade em que o enrugamento se apresenta, impede-lhe o alardeamento da mata, o império da fronde, que se derrama, e tudo cobre, e tudo esmaga, nas regiões circunvizinhas do Equador.

Aqui, sim, dentro dos três milhões e oitocentos mil quilômetros quadrados da Amazônia, aqui é bem a floresta virgem, a mata inviolada, contemporânea dos primeiros dias da terra. Embora cubra mais de 2/5 da superfície do país, a luta pelo ar e pela luz nela inverte

o destino das plantas, tão grande é a abundância vegetal. Árvores possantes se transformam em trepadeira, milhares de plantas, que são raquíticas em outros climas, se alteiam forçando a passagem a poderosos indivíduos da espécie. Vem do fundo da mata, do tom sombrio da natureza, das barreiras que caem, das árvores que rolam, a certeza de que essa é uma terra sozinha, a terra que não madurou.

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