A sedução do meio físico
O meio físico ainda é aquele que deslumbrou Caminha e encheu de admiração o entusiasmo religioso dos primeiros navegadores. Vendo-o, nenhum disfarça o seu espanto. Vespucio descreve-o com colorido inflamado, sentindo-se, dentro dele, "nas vizinhanças do paraíso terrestre". Gandavo reconhece com enternecimento: "... é esta terra, sem contradição, a melhor da América... é onde sempre a verdura permanece, com aquela temperança de primavera"... E Gabriel Soares escreve: "... terra mui sadia, fresca, lavada de bons ares..." Simão de Vasconcelos chama-o de "país sem igual no universo todo... parecendo uma glória o avultar de montes e serranias"... Jean de Lery, entre deslumbrado e patético, confessa: "todas as vezes que a imagem daquele novo mundo se apresenta aos meus olhos, vem-me à memória a exclamação do profeta: "Oh! Senhor! como as tuas obras são maravilhosas!" E Claude d'Abbeville, citado pelo historiador Rocha Pombo, reconhece emocionado: "As Santas Escrituras fazem grande alarde das belezas do paraíso, particularmente de um grande rio, que banha todo o vale de delícias. Eu me limito a notar a terra do Brasil, que é maravilhosamente embelezada de muitos e grandes rios..."
Os naturalistas por sua vez se expandem na mesma abundância de gabos. Esquecem a circunspeção da ciência para se expressar com enternecimento de poetas. Fazem