Cotegipe e seu tempo. 1ª fase: 1815-1867

verdade inteira que agora se narra, a verdade bela que porventura os comova.

A grande dificuldade foi dizer toda essa verdade dentro dos limites sintéticos deste livro, cujas páginas haviam de sobrenadar à superfície essencial dos assuntos, sem perder a vista panorâmica do estudo, nem submergir-se em excessivas minúcias, análises e críticas.

Esse conflito entre as exigências da exposição, como a quer o leitor — clara e se possível artística — e a honestidade narradora, que nada deve esconder, é o maior suplício dos que escrevem livros deste gênero.

Alguns capítulos deixam entrever quanto custou ao autor resumir atos administrativos, debates parlamentares, correspondências epistolares. Se neles o leitor sentir perder-se o deleite correntio, estará porventura compensado com o que terá ganho em informação. E nem se deslembre que a verdade completa nem sempre é amável.

Nesse penoso dosar "l'abondance qui ne neglige rien avec la brieveté qui resume tout", recorreu o autor, muitas vezes, às notas, embora alguém dissesse que elas, nos livros, são como andaimes que se devem retirar mal termine a construção do edifício, só servindo para perturbar a leitura, cansando a vista em continuados vaivéns, ao alto e baixo das páginas. Aqueles que quiserem evitar essa fadiga podem dispensá-las; para os menos curiosos de minúcias e provas não foram elas escritas e impressas.

Nem serão andaimes essas notas e indicações bibliográficas, senão amostras do material empregado, que darão confiança na solidez do edifício.

Para satisfazer aos que mais procuram a psicologia do personagem que os fatos de sua vida, faltaram ao autor as

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