e bibliotecas, nenhuns outros possuem igual poder de resurreição, capaz de fazer presente o passado, tanto nas particularidades dos fatos como nas características sutis dos homens.
Demais, se Cotegipe guardara tanto em ordem a sua correspondência, é que visava ajudar a história.
Ele bem via que na ação do homem público há muito de teatral. Lances parlamentares e atitudes governamentais são, muitas e muitas vezes, espetáculos. Dois terços da ação política visam um auditório, uma plateia; objetivam os aplausos dos contemporâneos ou dos pósteros.
Ainda fazendo praça de ser a elas insensível, Cotegipe estimaria as aclamações... e evitaria os apupos. Bem é que, de quando em quando, esquecia o papel e, no palco político, mais vivia que representava. Havia, porém, uma espectadora, no fundo do teatro que ele não desfitava, esperando o compreendesse, ainda quando o não aplaudisse. Essa assistente constante era a história, o futuro. A guarda ordenada de seus papéis é como um relance às galerias da posteridade.
Este livro nem apupa nem aplaude — compreende e expõe.