Cotegipe e seu tempo. 1ª fase: 1815-1867

meus pecados! tendo-me sido transmitida aberta por intermédio do secretário da presidência. Sempre suas letras são preciosas para mim, e agora principalmente, pela honra que V.Ex.a me fez, dando importância à minha opinião na questão bancária e pedindo-me explicações do meu procedimento. É verdade que a glória do triunfo que V.Ex.a me anuncia lhe havia de fazer sentir menos a minha deserção; e quem sabe se não há nesse próprio anúncio uma inocente vingança? Como quer que seja, lembrando-me das vitórias alcançadas por Pirro sobre os romanos, e não desejando a V.Ex.a vitórias tão custosas, dar-lhe-ei brevemente a razão porque não só firmei a representação do Banco da Bahia, mas até escrevi declarando-me avesso ao projeto do Sr. Ministro da Fazenda. Não comparecendo à sessão do Senado onde, com dor de coração, teria de dar um voto contra o Ministério, por cuja permanência me interessava, e sendo Fiscal do Banco entendi que não devia fingir-me indiferente a uma questão que tão de perto feria os interesses desta província, e mesmo os de todo o Império. Não renunciei os princípios que V.Ex.a ironicamente diz aprendera comigo; tenho-os por verdadeiros; mas o modo por que se pretende curar o mal parece-me violento, arriscadíssimo e de consequências funestas (Deus queira que eu me engane!...). Conhecendo a situação do comércio e a lavoura da Bahia, vendo que passávamos por uma crise proveniente da falta de produtos deste ao ano futuro, tenho por certo que a liquidação, ou a contração forçada do crédito nos levará aos últimos apuros de desesperação. Esta convicção é geral na província (não creia em quem lhe disser o contrário), e faltando ao governo o apoio das classes abastadas e amigas da ordem, quem se apossará do campo? A marcha mais natural seria alguma

Cotegipe e seu tempo. 1ª fase: 1815-1867 - Página 666 - Thumb Visualização
Formato
Texto