As guerras dos Palmares (subsídios para a sua história). 1º volume. Domingos Jorge Velho e a “Troia negra”, 1687-1700

que ainda o Rio de Janeiro não contava nem um engenho de açúcar, já Pernambuco contava 23 e a Bahia 18; por outro lado, a proximidade relativa das vastas florestas de palmeiras, a 20 ou 30 léguas da costa, com um terreno fertilíssimo e um clima excelente, convidava o negro a tentar libertar-se da escravidão fugindo à severidade e violências dos senhores. Foi assim, presumivelmente, que se constituíram os primeiros "quilombos" em que se reproduzia, com maior ou menor exatidão, a vida primitiva dos negros, donde a crueldade do branco, em nome da Civilização, o tinha ido arrancar.

O que foi esse drama da escravatura, sabemo-lo nós, sabe-o toda a gente. No Arquivo Histórico Colonial são inúmeros os documentos que se guardam, que dão a medida dos meios que se utilizavam para o resgate desses miseráveis escravos, utilizando-se por vezes os mais ferozes antropófagos, os Jagas "como cãis de caça"; no dizer de Luiz Mendes de Vasconcelos, que foi Governador de Angola em 1617, "devem ser mais os que comem que os que entregam vivos, por ser esta a sua mais ordinaria comida" (Alfredo Felner — Angola: Documento n.° 39, p. 456), para depois serem resgatados e descidos e, finalmente, embarcados. "Amontoados no porão, quando o navio jogava batido pelo temporal,

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