"Quando o navio chegava ao porto do destino — uma praia deserta e afastada — o carregamento desembarcava; e à luz clara do sol dos trópicos aparecia uma coluna de esqueletos cheios de pústulas, com o ventre protuberante, as rótulas chagadas, a pele rasgada, comidos de bichos, com o ar parvo e esgazeado dos idiotas. Muitos não se tinham de pé: tropeçavam, caíam e eram levados aos ombros como fardos". (Oliveira Martins — O Brasil e as colônias portuguesas. p. 60).
Chegados à fazenda, quando o mercador os não vendia ou exportava para as Índias de Castela, donde os espanhóis os carregavam para as Antilhas, o negro dava entrada na roça ou no engenho, onde o fazendeiro o submetia à disciplina mais feroz. Era vulgar ver os negros presos por correntes de ferro a um cepo, a trabalharem junto das caldeiras; o chicote era o acicate que os fazia trabalhar; o castigo era frequente, alimento e vestuário, limitados. "Houve senhor que lançou algum na caldeira fervente ou fez passar na moenda, esmagado por vingança ou castigo" (Lucio de Azevedo - Épocas de Portugal econômico, ps. 267 e 268), e aos ingleses se atribuem os tormentos a que sujeitavam os escravos, metendo-lhes os pés entre as rodas dos engenhos (Marquez de Lavradio — A abolição da escravatura e a ocupação do Ambriz, p. 47).
Mas, se nos horrorizam estas violências e atrocidades praticadas, devemos reconhecer que a escravatura