As guerras dos Palmares (subsídios para a sua história). 1º volume. Domingos Jorge Velho e a “Troia negra”, 1687-1700

que se lhe reuniram outros, e mais outros, que aproveitavam o abandono em que os senhores deixavam os seus engenhos e lavouras, para pegarem em armas contra o invasor holandês ou se recolherem aos heroicos arraiais, fulcros homéricos de resistência patriótica da raça portuguesa. Os negros fugidos aproveitaram da oportunidade para se recolherem nos palmares, onde desfrutavam um solo fecundo, uma natureza previligiada; onde os rios e as lagoas, a caça, a pesca, as matas e os frutos eram abundantes. É possível, e até certo ponto seguro, que nesta emergência da guerra, nem só escravos e cativos se utilizassem do seguro asilo dos Palmares, que também negros libertos, mulatos, índios mansos e até brancos criminosos e desertores covardes procurassem ali o refúgio seguro contra as calamidades da guerra.

Foi assim que se constituiu e desenvolveu essa famosa Confederação dos Palmares, que quase ocupa inteiramente o século XVII, e embora para alguns autores ela não passe de uma monótona revolta de escravos, para outros constituiu uma república forte e organizada, e talvez até queiram ver nela os primeiros alvores da independência da raça, senão a constituição de um Estado Negro, que, reconquistado e pacificado o Norte do Brasil, o governo resolveu submeter, e que ao malogrado homem de ciência Dr. Nina Rodrigues mereceu as palavras justas e sábias que transcrevemos: "A todos os

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