O café na história, no folclore e nas belas-artes

da escolta, que, por mandado do monarca lusitano, ia conduzi-lo de retorno, pelo rio-mar, às terras andinas da coroa espanhola, disse no seu Diário o padre Samuel Fritz que só dois dos homens que a compunham "eram portugueses brancos", o cirurgião, cujo nome não declinou, e o soldado Francisco Palheta (sic). Ora, não se deve tomar à letra, na referida expressão, o gentílico português , porque o mesmo se aplicava então, sem rigor etimológico, aos brancos alistados no serviço da metrópole. E foi precisamente anotando tal asserção do jesuíta que Rodolfo Garcia reivindicou para o introdutor do café no Brasil a natividade paraense.

Como se vai ver dentro em pouco, pela relação da viagem de descobrimento do rio Madeira, chegando o ajudante da expedição, antes dos mais companheiros, à povoação de Santa Cruz de Cajuvabas, perguntou-lhe o padre, superior dessa redução de índios, se era cavalheiro o cabo da tropa; e o dito ajudante, referindo-se ao sargento-mor Francisco de Melo Palheta, respondeu "com a verdade de que era dos principais da terra na capitania do Pará". Ora, significa isso não só que Palheta era, pelo seu posto, pessoa de respeitabilidade ali, como ainda que era paraense nato, porquanto, se o não fosse, não se usaria para com ele da expressão "da terra".

Onde foi, porém, que encontrou o exímio pesquisador das nossas tradições os elementos de convicção para semelhante asserto, cuja relevância é inegável, porquanto apraz sobremaneira ao nosso orgulho patriótico tenha sido um brasileiro nato o espontâneo e abnegado iniciador da nossa maior prosperidade agrícola?

Foi num exemplar do Compêndio das eras da província do Pará (Pará, 1838), de Antonio Ladislau Monteiro Baena, e que pertenceu a Manuel Barata, vindo enriquecer a biblioteca do Instituto Histórico e Geográfico

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