Impressões da Comissão Rondon

belíssimos exemplares de cores variadas e características especiais, como do amendoim, de tamanho extraordinário, para a exposição do milho de 1918.

Há muito que fazer no sertão e pelos indígenas, cujo ânimo é bom. Os índios consideram os intrusos do seu desertão como inimigos, invasores; convencidos do contrário, cooperam com lealdade.

A leitura das Impressões da Comissão Rondon, do Sr. major Amilcar Botelho de Magalhães, é confortável e consoladora. O autor fez muito bem em escrever este belo e útil livro, onde há ensinamentos nas próprias anedotas.

Além da revelação dos rijos caracteres do chefe e de seus companheiros de comissão, do resumo dos magníficos trabalhos realizados, há também uma parte episódica, que se lê com o encanto de um romance de aventuras. A caça aos desertores, a batida às onças, onde também o chefe era de excepcional perícia, a retificação de nossas noções sobre os indígenas, a vida de dedicação dos oficiais, os incidentes pitorescos que a envolvem, os banhos nos rios, a alimentação até dos bichos de babassú, a manutenção da disciplina, do ideal superior, das observações científicas, o prosseguimento dos trabalhos de construção das linhas telegráficas no meio das maiores dificuldades, debaixo de sol tórrido ou de chuva inclemente - tudo demonstra uma inteireza moral que nos faz honra. Ali se vê, nas páginas do livro, que temos ainda terras para conquistar e gente capaz dessa conquista.

O Sr. major Amilcar Botelho de Magalhães fez assim um trabalho valioso, que o Sr. Coelho Netto, o nosso grande romancista e escritor, enaltece com calor no prefácio magnífico. Dirigindo-se ao autor, escreve o Sr. Coelho Netto, no fim do seu prefácio:

'Agradecendo a V. S. o prazer que me deu e o bem que fez ao meu coração de brasileiro com a leitura que me proporcionou, faço votos a Deus, para que lhe não falte com a saúde, a fim de que continue a acompanhar, revelando-a, a obra dos sertanistas intrépidos que iluminando os penetrais do Brasil, desvendam-nos as suas grandezas desconhecidas, impondo-se à Pátria e ao mundo como heróis, representantes, eles sim, da terra imensa e formosa que é de todos nós, o amor, o orgulho e a glória'.

A obra do Sr. Amilcar Botelho de Magalhães seduz, diz o Sr. Coelho Netto, por seu heroísmo aventuroso.

O livro é ilustrado com interessantes gravuras."

(Do "Jornal do Commercio", do Rio, aos 7-7-1922).

Impressões da Comissão Rondon - Página 478 - Thumb Visualização
Formato
Texto