Impressões da Comissão Rondon

conscrito, de obter o abastecimento, de entrar em relações amigáveis com os indígenas. O que fez foi admirável e todo o Brasil aplaudiu desvanecido.

O Sr. major Amilcar Botelho de Magalhães foi um companheiro digno do general Rondon. A vida no desertão só é possível, nos postos de comando, aos grandes caracteres, porque ali todas as energias morais são indispensáveis para o homem civilizado vencer e dominar. O autor mostra a abnegação, a coragem, a dignidade da oficialidade, e a atitude inalterável do chefe, o último a dormir e o primeiro a acordar, sempre ativo, sempre pronto, sóbrio e incansável.

A bandeira nacional era sempre hasteada, maior que fosse o sacrifício para arranjar o mastro. A energia moral necessária para combater os maus elementos da soldadesca, o negro preso pelos Nhambiquaras, as caças às onças que fugiam acuadas para as canhadas, a cooperação dos cães dirigidos pelo onceiro, a voracidade das piranhas, o sal e o açúcar no sertão, a luta contra os desertores, a eficácia de certos castigos corporais depois abolidos pelo chefe, os objetivos científicos realizados à presença de Roosevelt, os costumes dos indígenas, Parecis, Bororos, Nhambiquaras, Kaingangs, Guatós, Cayabis, Apiacás, Caritianas, etc.; seu idioma, sua monografia, a sua fantasista antropofagia, a sua alimentação, os trabalhos publicados pela quarta comissão, a carta geográfica de Mato Grosso, a pacificação e proteção aos silvícolas - tudo é agradavelmente passado em revista e contado com exatidão e pitoresco. O livro está cheio de anedotas características, de episódios interessantes e de lindas revelações de coragem moral.

O general Rondon calculou em um milhão a população silvícola do Brasil, sendo de mais de 30.000 almas a de Mato Grosso, "não obstante a dizimação de muitas tribos em contato com os civilizados, dos quais adquirem moléstias que lhes eram desconhecidas como a sífilis e o abuso de bebidas alcoólicas, aliás usadas pelo índio em menor escala e apenas em determinados festejos, embora mais fracas em grau alcoólico.

Todos os índios fazem as suas roças de milho, mandioca, feijões, etc., de que se alimentam além do peixe e da caça. Em geral comem todos os animais, até a própria cobra e utilizam-se de quase todas as larvas como alimento. Mesmo os Nhambiquaras, os mais atrasados de quantos foram encontrados no sertão, apesar de usarem ainda os machados de pedra, para derrubar as árvores e tirar o mel de abelhas, de que se aproveitam também em larga escala; fazem roças de milho, mandioca e amendoim. Deste milho, indígena, a Comissão Rondon trouxe a esta capital múltiplos e

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