Se nos lembrarmos como a Handels Maatschappy holandesa dominou o mercado mundial, com o seu produto Java, de 1830 a 1869, e exerceu a sua influência no período de superprodução, podemos constatar nisso os indícios precursores dos esquemas da atual valorização no Brasil. A primeira tentativa brasileira para controlar os preços foi feita no período do Império, quando em 1883-1884 o governo financiou o famoso "Corner" do café. A proibição temporária da plantação de novos cafeeiros em São Paulo em 1902 foi um outro passo nesse mesmo sentido. O exemplo dos esquemas estrangeiros de controle, especialmente no açúcar, e a nova posição dominante do Brasil na produção mundial de café, incentivaram o país a iniciar uma política ativa com esse produto. Devemos admitir ser uma cousa muito atraente ditar a nossa própria vontade aos mercados mundiais e fazer o mundo nos pagar um justum praetium, que agradasse ao paulista.

A história da valorização é a história de uma luta entre São Paulo e o governo federal, o qual nem sempre se sentiu muito entusiasmado a respeito dos grandiosos planos do paulista, e preferia mesmo amparar um plano mais local a arcar com a responsabilidade das proporções de um de envergadura nacional.

Mas o café, a economia nacional, o câmbio e a política tornaram-se tão dependentes entre si, que o governo federal volens nolens se viu envolvido nos planos referentes ao café e nas suas especulações. Esse interessante tópico — café e política — aguarda impacientemente um investigador que lhe conte a história.

O açúcar e a borracha no Brasil mostravam tentativas de fazer "valorização" na defesa do produto, como se costumam denominar no Brasil as medidas adotadas