INTRODUÇÃO
A proclamação da Independência do Brasil em 1822 não representa, a bem dizer, para nós brasileiros, maior ou mais refulgente glória, por dois motivos essenciais. Por ter sido lamentavelmente retardado um acontecimento que, antes da explosão patriótica de 1817 no norte do país, e antes mesmo da malograda tentativa dos inconfidentes mineiros, em 1789, devera ter já se realizado, para honra nossa e felicidade do nosso povo. E, segundo, porque, a aceitarmos o critério histórico restritivo de alguns autores, essa Independência afinal nos foi trazida pelas mãos generosas de dois autênticos ultramarinos — o lusitano José Clemente Pereira, tido erradamente como o fautor único e glorificado do 9 de janeiro de 1822, e Dom Pedro de Alcântara, agindo embora em defesa da própria coroa, em 7 de setembro, — o que importa reconhecer que o papel dos brasileiros na obra da própria emancipação política não passou de mera e pura passividade.
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Que a Independência de há muito devia ter sido implantada na ex-colônia luso-americana, basta para comprová-lo um ligeiro retrospecto político-histórico-social