engalanara o luxo da coroa, erguera Mafra, compunha os templos de Lisboa, sustentava embaixadas, reconstruía a velha Capital, mobiliava os palácios dos vice-reis e dourava os coches reais. Ainda outro rotundo parlamentar lisboeta, incontido ante o surto de nativismo que despontava impávido na ex-Colônia americana, bradara do topo da tribuna que Portugal precisava mostrar ao Brasil que não queria um domínio de déspotas, mas — "contra desordeiros e rebeldes tinham lá ainda excelentes leões e cães de fila"! Ao que respondeu, a sua conta, o deputado brasileiro Lino Coutinho, provocando tumulto, que — "contra os leões e os cães lusitanos atiraríamos também os nossos tigres e jaguares".
A tal ponto chegou a prevenção da política liberal portuguesa por tudo quanto se lhe afigurasse ligado ao Brasil, que, segundo escreve Nelson de Senna, logo ao desembarcar Dom João VI na capital lusitana, no seu regresso a Portugal, as Cortes de Lisboa consideraram suspeitos vários áulicos e membros da comitiva que haviam acompanhado o monarca desde o Rio de Janeiro, somente porque lhes pareciam capazes de perturbar o sossego público. Pelo que, muitos deles optaram por voltar às plagas americanas (por exemplo, os Viscondes de Magé e do Rio Seco, o Almirante Rodrigo Pinto Guedes, o Conselheiro João Severiano Maciel da Costa, futuro Marquês de Queluz, monsenhor Francisco Maria