Na esfera política, sabemos também como viviam as nossas Capitanias adstritas ao Conselho Ultramarino e à Mesa da Consciência da metrópole, em contato direto, portanto, com o governo de Queluz, sem meio algum de ação e privadas, por conseguinte, de concorrer para a formação da unidade nacional no solo americano.
Mais grave que tudo isso, porém, era ainda a campanha de descrédito e de impropérios que assacavam contra os homens e as cousas do Brasil da própria tribuna do Parlamento luso.
Chegou, por exemplo, um desabusado reinol a avançar no seio das Cortes Portuguesas que "duvidava" houvesse entre os homens letrados do Brasil Unido um só que soubesse o que era uma Constituição! Outro ilustre parlamentar, que, pelo gesto, se denunciava, decerto, um dos mais aferrados vinhateiros do Douro ou do Minho, ousou afirmar de público que — "O Brasil é Reino unido a Portugal somente na aparência, não sendo mais que misérrima colônia, de onde lhe tem vindo sempre mal e nunca o bem"! Ao que respondeu mais tarde o Visconde de Caeté — que só a Província de Minas, de 1700 a 1819, havia enviado para as arcas portuguesas nada menos de 553 milhões e meio de ouro fundido, não se levando em linha de conta o valor dos diamantes, das pedras preciosas e o rendimento de muitas outras coletas. Esquecido ainda o petulante reinol de que toda essa caudal de ouro que escorria das montanhas de Minas para as arcas portuguesas,