sempre podemos cobrir a retirada de V.A.R., e então V. A. R. parte com toda a sua família para os seus estados do Brasil, e a nação portuguesa sempre ficará sendo nação portuguesa, porque ainda que estas cinco províncias padeçam algum tempo, debaixo do jugo estrangeiro; V. A. R. poderá criar tal poder que lhe seja fácil resgatá-las, mandando aqui um socorro, que junto com o amor nacional as liberte de todo. Dizem que é mal visto todo o homem que aconselha isto a V. A. R. mas como assento que é a melhor cousa que lhe posso dizer, digo-lha. E V. A. R. fará de mim o que quiser, porque em tudo e por tudo sou seu, e se V. A. R. tomar este partido, o que lhe posso segurar é que, se me não matarem nessa guerra, deixarei tudo quanto cá tenho, e para lá o vou servir."
(Carta expositória dirigida ao Príncipe Regente, em 30 de maio de 1801, por Dom Pedro, Marquês de Alorna, in Arquivo Público do Rio de Janeiro).
O Príncipe Regente Dom João, transferindo voluntariamente a sua Corte para os domínios portugueses da América, salvara a monarquia com todas as suas colônias ultramarinas; em vez de uma expatriação ignominiosa, com prisão no lugar do desterro, como aquela que Napoleão impusera aos reis de Espanha — o Príncipe Regente de Portugal fundara no Brasil um novo império perpetuador dos vínculos históricos da nação portuguesa.
A crítica histórica demonstrou já que essa transmigração fora o resultado inteligente de um plano preconcebido: o único meio de fazer subsistir a monarquia portuguesa;