Nas vésperas da partida da Corte para o Rio de Janeiro, as notícias das últimas vitórias de Napoleão e do poder militar dos exércitos franceses, coligados com as forças das nações vencidas, deviam ter convencido Dom Rodrigo e os seus partidários de que seria contraproducente a veleidade de oferecer resistência ao que parecia irresistível.
O iracundo e patriótico Observador Português, Histórico e Político de Lisboa(12) Nota do Autor - que compilou, além do mais, todos os editais, ordens públicas e particulares, decretos, "sucessos fatais e usurpações", desde o dia em que embarcou para o Brasil o Príncipe Regente, até setembro de 1808, em que foram expulsos os franceses(*) Nota do Revisor — diz que Dom João VI, depois de ter procurado as últimas resurças [sic] de sossego ao seu povo, talvez tão compenetrado como o mesmo Observador de que a avareza, a luxúria, a ira, a gula e a inveja eram os únicos "dotes que se distinguiram em todos os emissários de Napoleão", manifestou, em 27 de novembro de 1807, a determinação de embarcar-se com toda a Real Família para o Brasil.
Na verdade, o decreto dado no Palácio de Nossa Senhora de Ajuda, em 26 daquele mês e ano, publicamente confessava aquela resolução nos seguintes contristados termos:
"Tendo procurado por todos os meios possíveis conservar a neutralidade, de que até agora tem gozado os meus fiéis e amados vassalos, e apesar de ter exaurido o meu Real Erário, e de todos os meus sacrifícios a que