nas ruínas, falam-nos os inúmeros dialetos e línguas que falavam e as plantas úteis que cultivavam conforme dissemos linhas atrás.
Que a origem ou história dessas plantas úteis é remotíssima, atesta-nos o fato que os aborígenes não têm a respeito das mesmas melhor ideia ou recordação do que a têm os povos do Velho Mundo, a respeito dos cereais que cultivam para a sua alimentação. Como veremos mais adiante, era comum entre eles a crença que um sábio de vestes alvas, cuja procedência ninguém sabia, foi o mestre que lhes fez travar conhecimento com todas as plantas úteis. Do mesmo ente mitológico fizeram os sacerdotes imigrados o São Thomé, cujos rastos afirmavam existir gravados ainda na rocha, no ponto em que desembarcou em São Vicente.
Com respeito a esta lenda - de que Manuel da Nobrega, Anchieta e outros fizeram tanto alarde, reafirmando sempre acreditarem ter sido efetivamente S. Thomé, em carne e osso que aqui esteve em tempos remotíssimos - convém que digamos desde já que estamos de acordo com o Cônego Fernandes Pinheiro, que afirmou ter sido ela insuflada aos aborígenes pelos próprios missionários jesuítas, que também se incumbiram de divulgá-la. E, indubitavelmente, isto se deve ter dado logo nos primeiros anos depois do descobrimento, porque já em 1508, um jornal alemão: Neue Zeytung auss Presillg Land (segundo Wiese e sob o título: "Magalhães Strasse", em 1881, p. 92) disse: "Eles encontraram, na mesma costa ou terra, recordações de São Thomé, entre a gente nativa. Esta também quis mostrar aos portugueses a escrita dele no interior do país. Mostram igualmente uma cruz que lá existe. E, quando falam de São Thomé, dizem sempre que ele é o deus pequeno; mas que acima dele existe um deus maior... É perfeitamente acreditável que eles lá tenham lembranças de São Thomé, pois é sabido