Botânica e agricultura no Brasil no século XVI

me pareceram não mais do que vil fantasia. Este espetáculo curou-me de uma vez para todas do perigoso vício de tirar conclusões prematuras. Daquele dia comecei a olhar os selvagens por um prisma diferente daquele pelo qual os olhara até então.

Cada dia de convivência com os selvícolas firmou em mim mais a convicção, que esta gente deve ter sido bem diferente em tempos passados e que o seu estado de miséria atual, indubitavelmente, é a consequência de muitas catástrofes e peripécias, que lhe sobrevieram no transcorrer dos séculos insondáveis e que a precipitaram de desgraça em desgraça, até chegar ao triste estado de descultura e desnaturamento em que a encontramos.

O americano (aborígene) não é um povo selvagem, mas sim asselvajado, degenerado e decaído. Embora em algumas regiões dessa grande terra possamos encontrar grupos e tribos - como os do México e do Peru -, que não nos deixam impressão tão triste e desoladora como os índios do Brasil, estou convicto que também eles não passam de miseráveis restos de povos mais cultos, muito mais adiantados; e mais, que a sua decadência já se realiza há muitos séculos antes do europeu aqui aportar. Os referidos grupos, sobreviventes da primitiva gente, também não escaparão à execração de um desaparecimento rápido do cenário, a triste e inevitável sina destes outros grupos mais degenerados."

Os fatos, em que Martius se estribou para tirar estas conclusões que acabamos de traduzir livremente, se acham expostos nas páginas seguintes do seu livro referido. Sem dúvida eles são muito convincentes e importantes, mas, mais alto do que eles e que todos os documentos da sua vida social e talento científico, condensados

 Botânica e agricultura no Brasil no século XVI - Página 25 - Thumb Visualização
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