mais altos, o autor desse livro soube bem apurar os dotes de inteligência, exercitando-os no trato desinteressado das ideias, com a probidade de quem procura com alma a direção da verdade, sem o apetite dos renomes fugazes.
Nessas páginas tão cálidas de um entusiasmo honesto, o autor traça a carreira pública do grande pensador, assinalando-lhe os pontos mais expressivos, todos eles obedecendo à linha daquela dignidade coerente, e largamente examina a obra do construtor político. Tudo isto feito com a delicadeza de nobre modéstia, em que se sente a preocupação do escritor em se substituir pelo próprio assunto, deixando que ele viva por si mesmo e por si mesmo se desenvolva.
A sua ambição consistia em poder concorrer para que as ideias do mestre tivessem curso mais amplo e mais rápido. E tão elevado propósito foi coroado, pois o seu livro interessando vivamente aos estudiosos é hoje uma fonte que se não dispensa, em se versando a obra do autor da Organização Nacional.
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Alberto Torres foi uma dessas raras vocações cívicas. Tendo florescido infelizmente num meio em que a expressão do patriotismo se revelava, ou pela forma primária e vesânica do jacobinismo, ou pela ostentação oratória de banalidades literárias, os seus estudos orientados por um patriotismo racional e superior, por um patriotismo que chamaríamos de cartesiano, pela lucidez da indagação e pela consciência metódica com que debatia os problemas do Brasil, não poderiam encontrar fácil receptividade.
Para a massa medíocre dos políticos, a que a fatalidade de uma democracia malnascida e cada vez mais perturbada no seu curso entregara o domínio, ou melhor, a exploração