experiência e mui conhecedor das cousas da Índia, o qual foi, mais tarde, batizado e recebeu o nome de Gaspar da Gama, sendo vulgarmente conhecido por Gaspar das Índias. Este judeu conversava muitas vezes com El Rei D. Manuel, que folgava de lhe ouvir falar sobre as cousas da Índia, e lhe fez muitas dádivas e mercês. A Vasco da Gama e outros almirantes portugueses, Gaspar das Índias prestou inestimáveis serviços".(3) Nota do Autor
Dois anos depois, vestida de luto, como era praxe na época, quando as armadas iam em busca de terras desconhecidas, a corte manuelina assistia do eirado da torre de Belém a partida dos navios de Pedro Álvares Cabral. O judeu Gaspar embarcara na nau do capitão-mor como língua e conselheiro, hoje diríamos intérprete e técnico, em cousas e negócios das Índias. Seus olhos vivos e espertos, olhos de rato fugido dos guetos da Polônia, viram o nosso Brasil no primeiro dia do seu amanhecer. Ao lado de Pedro Álvares Cabral, "de quem não se apartava", avistou o vulto azul do monte Pascoal nos longes do horizonte, contemplou a terra virgem e dadivosa, a indiada nua e emplumada de cocares, assistiu à primeira missa celebrada por frei Henrique de Coimbra e ouviu a leitura da carta de Pero Vaz de Caminha.
O judeu Gaspar da Gama fez toda a viagem de Pedro Álvares Cabral: Moçambique, Melinde, Cananor, Calecut, Cochim; tornou às Índias em 1502 e 1505 com seu padrinho Vasco da Gama. Na última dessas expedições, encontramo-lo com o nome de Gaspar de Almeida, "por amor do Viso-Rei, de quem era estimadíssimo", declara um panegirista dos judeus.(4) Nota do Autor Por adulação e baixeza, afirmamos diante