e que viviam dentro da religião católica com o simples fito de auferir vantagens. Aliás, esse sistema vem do fundo dos séculos: em Roma, já havia os criptojudeus ou judeus ocultos.(5) Nota do Autor
Citemos dois exemplos elucidativos dessa persistência: o cristão-novo Jorge Fernandes, que veio para aqui ao tempo do segundo Governador Geral, D. Duarte da Costa, e faleceu em 1567, antes de morrer pediu que lavassem e sepultassem o cadáver segundo os ritos da Sinagoga; o cristão-novo Afonso Mendes, vindo com Mem de Sá, costumava às escondidas açoitar o crucifixo... Até freiras claustradas judaizavam...(6) Nota do Autor
No Reino, as Ordenações puniam com rigor os cristãos-novos judaizantes. Num país bárbaro em vias de colonização, as leis eram, naturalmente, interpretadas com maior benevolência e liberalidade, permitindo o próprio meio melhor defesa para os acusados, até mesmo a facilidade da fuga e da ocultação. Fechavam-se os olhos sobre muita cousa.(7) Nota do Autor "Não admira, pois, que as famílias hebreias tivessem emigrado para a América portuguesa, onde, livres dos tribunais do Santo Ofício, viviam na mais absoluta tranquilidade, guardando a lei de Moisés".(8) Nota do Autor Vieram, assim, para o Brasil, nos primeiros tempos, os Guilhens, os Castros Boticários, os Mendes, os Rabelos, os Antunes, os Valadares, os Bravos, os Nunes, os Sanches, os Diques, os Cardosos, os Coutinhos, os Montearroios, os Cirnes, os Ximenes, os Peres, os Calaças, os Teixeiras, os Rodrigues, os Barros, os Siqueiras. Anos e anos deslizaram sobre muitos deles sem lhes abrandar a impenitência talmudista. Continuaram,