Migrações e cultura indígena. Ensaios de arqueologia e etnologia do Brasil

amassando esses ou alguns desses ingredientes, conseguia dar à tabatinga uma ligação e consistência durável, sem sacrifício da peça.

O grande segredo, pois, estava, não na escolha do material apropriado, que este havia em abundância, e sim no seu preparo. Depois da tabatinga amassada, era dividida em pequenos bolos, feitos com a mão, do tamanho que podia comportar. Esta massa passava a ser estendida sobre uma tábua ou esteira ou sobre um casco de tartaruga, conforme o vaso fosse de fundo chato ou convexo. Para o seu preparo eram elementos indispensáveis a água e um fragmento de casco ou de cuia, para servir de alisador. Modelado o fundo, pela compressão da massa sobre a tábua, a esteira ou casco de tartaruga, a oleira começava a construir-lhe as paredes pelo processo de enrolamento.

Consistia o enrolamento na técnica de se fazerem cilindros, cordas ou torcidas de barro, com diâmetro proporcional à grossura que se queria dar à peça e com um comprimento aproximado da circunferência do vaso, dispondo-as, sucessivamente, sobre a periferia do fundo, já preparado, e fazendo-as aderir de modo conveniente, pelo achatamento ou compressão feita com os dedos. Dada a primeira volta, a oleira dava, sempre com os mesmos cuidados, uma e outras mais, de maneira a ir erguendo harmoniosamente as paredes do vaso, até sua final conclusão.

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