capitoso das outras mulheres de Machado; é que o autor a viu com olhos de velho, mais sensíveis às graças do espírito — mas nem por isso a admirou menos, encarnado no seu sósia Aires.
O Memorial nos dá a melhor prova de que o Aires foi mesmo uma projeção de Machado. Não só é fácil reconhecê-lo, no livro, onde se repartiu entre o narrador e Aguiar, o marido de D. Carmo, pondo neste o eu doméstico, e naquele o eu interior, como traem-no de modo indubitável os originais, existentes na Academia de Letras.
Oficialmente, o autor amava D. Carmo, que confessou em carta a Mário de Alencar ser modelada por Carolina; e o narrador, se não sentia propriamente amor por Fidélia, porque "não podia dar o que os homens chamam amor", experimentava qualquer cousa de muito semelhante a isso.
Ora, no manuscrito, as trocas de nome entre Carmo e Fidélia são frequentíssimas, são mesmo quase a regra. Em 393 páginas existem 167 dessas trocas; cada vez que pensava numa, a figura da outra lhe acudia ao espírito, como se as confundisse... Confundi-las-ia também o coração?
As outras personagens, não as mistura; há trocas de nomes, mas com outros que não existem no livro, revelando uma hesitação da memória do autor, mas nenhuma confusão entre as figuras que evoca. Só Carmo e Fidélia estão sempre unidas até o momento em que, descobrindo o amor de Fidélia por