Machado de Assis - Estudo crítico e biográfico

— Nesse caso, guarde todo o sigilo, meu amigo, e eu o chamarei para tratar de tudo quando for tempo.

Ausente do Rio por ocasião da morte de Machado, soube Bernardo de Oliveira ao voltar que várias vezes o enfermo perguntara por ele.

Devemos aceitar esse episódio, de que uma das personagens assegura a veracidade. Mas as várias testemunhas que existem dos últimos dias de Carolina e de Machado não sabem quem possa ser essa moça. Muitas senhoras cercaram de cuidados a Carolina, e todas ainda existem, sem que nenhuma houvesse jamais desconfiado de semelhante projeto, nem se reconheça na figura descrita por Bernardo de Oliveira.

Apenas a D. Fanny Martins Ribeiro de Araújo, já nessa ocasião casada com o Dr. Armando de Araújo, manifestou Machado o desejo de lhe legar o montepio, desejo esse que não pôde realizar, visto não serem parentes.

Que concluir de tudo isso? Só há — dada a veracidade do diálogo, da qual não há como duvidar, pois garante-a um dos interlocutores — duas hipóteses. Machado podia se ter referido a D. Fanny, e não ter informado ao amigo da impossibilidade de obedecer ao seu alvitre, por não querer revelar o nome da beneficiada; ou porque, embora a julgasse absurda — ou talvez por isso mesmo — tivesse achado graça na proposta, e, por brincadeira fingisse

Machado de Assis - Estudo crítico e biográfico - Página 323 - Thumb Visualização
Formato
Texto