Machado de Assis - Estudo crítico e biográfico

Carmo e Fidélia — Carolina e a jovem — Machado e Aires, tudo se confundia, "o dobrado ficava único desdobrado, uma fusão, uma confusão, uma difusão..."

Nessa tímida revivescência nada haveria de indiferença pela companheira de tantos anos, pelo seu grande amor. Era apenas a força da vida latente nesse homem que se abeirava dos 70 anos. As saudades estavam vivas, a dedicação à memória de Carolina era a mesma — mas, ainda uma vez, a última, o tímido, o indeciso tinha uma veleidade de viver.

E seria ele mesmo quem tinha "nos olhos malferidos pensamentos de vida formulados" ou seria Aires, o seu sósia? A vaga inclinação, meio amorosa, meio paternal, não a teria experimentado apenas porque, se confundindo com Aires, pôde sair de si, ser, ao mesmo tempo, um e dois, — o marido de D. Carmo e o velho interessado por Fidélia — figuras que compunham afinal a única e enigmática pessoa de Machado de Assis.

Nele, é difícil separar o homem do artista, e este das personagens.

- Talvez — é tão resguardada a intimidade de Machado de Assis — o vago amor da velhice seja apenas uma criação subjetiva, reflexo de Aires sobre o seu criador...

A despeito do fato narrado por Bernardo de Oliveira, Fidélia pode não passar de uma autossugestão,

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