lhe sobrevinham as crises. Morta ela, o pobre doente, tão só, tão desvalido, ficou entregue à revolta dos nervos.
E os ferimentos sucessivos se foram transformando em úlcera cancerosa.(174) Nota do Autor
O isolamento se fazia cada vez mais penoso, apesar dos amigos fiéis que o cercavam. José Veríssimo e Mário de Alencar eram os mais assíduos, além das famílias da vizinhança que já haviam valido a Carolina; mas cada um tinha seus afazeres, e a solidão era a companheira habitual do enfermo. Solidão entrecortada de alguma rara ida à Garnier ou à Academia e ao consultório do Dr. Miguel Couto, seu médico assistente, e sobretudo mitigada pela leitura a que obrigava os olhos fatigados.
Machado de Assis morria como vivera, com o livro na mão.
"Estou passando a noite a jogar paciência"; contava a Mário de Alencar a 6 de agosto; "o dia, passei-o a reler a Oração sobre a acrópole e um livro de Schopenhauer"." O egoísta, conto acabá-lo amanhã", escreveu-lhe a 9 de agosto.
Também relia outro autor mais chegado: "Hoje durante o dia reli A mão e a luva," diz ao mesmo amigo, em carta sem data, mas que é sem dúvida do mesmo tempo.(175) Nota do Autor