Que teria evocado para o velho mestre esse livro de mocidade? Saudades da vida, das lutas, das ambições que então o possuía? Tudo conquistara — e tudo passara. Mas, só e triste, ainda lhe valia a grande escora da sua alma, a Literatura. Não se descuidava da Academia; dois meses antes de morrer tratava em carta a Joaquim Nabuco da possível eleição de José Carlos Rodrigues. E um pressentimento lhe vem: "Não há vaga, mas quem sabe se não a darei eu?"
Agravando-se, porém, o seu estado, começava a sentir necessidade de carinho, de cuidados constantes. Sua sobrinha estava em Mato Grosso, para onde o marido, o então Major Bonifácio Costa, fora a serviço. Mário de Alencar e José Veríssimo se movimentam para conseguir do Ministério da Guerra a licença da sua vinda. E Machado se impacienta: "Muito obrigado pelo que me conta da conversa que teve com o Veríssimo e pelas boas palavras que acrescenta acerca da vinda daquela gente que está longe, e dos cuidados que me dará", dizia a 29 de agosto a Mário de Alencar; "Virão eles? Minha sobrinha Sara tem aqui um irmão a quem vou mandar chamar para lhe falar da autorização do Ministro e da restrição posta".
O horror da solidão, do abandono, se sobrepunham nesse tímido ao receio de incomodar. Não é que lhe faltassem solicitude, cuidados de mãos amigas, mas precisava de amparo constante, e assistência regular.