Não viu realizado esse último desejo; os seus parentes só chegaram quando já estava enterrado. Até o fim foi tratado pelas mesmas senhoras que já haviam cercado o leito de morte de Carolina, principalmente por D. Fanny Araújo.
Só nos últimos tempos deixou de sair; a 28 de agosto ainda passeou na cidade em companhia de José Veríssimo. Quando afinal as forças o abandonaram de vez, não foi ao seu quarto de dormir, ao quarto onde guardava as relíquias de Carolina que se recolheu. Ou por comodidade, ou por um último gesto de pudor, uma última tentativa para resguardar a sua intimidade, ficou num aposento no andar inferior, próximo à sala de visitas. E não se acamou, senão nos últimos momentos.
A escritora Abel Juruá, que então o visitou, fixou-lhe a figura sofredora: "Na casa havia o mais profundo, o mais lúgubre silêncio. Eu e uma amiga que me acompanhava fomos penetrando devagar, emocionadas, como se atravessássemos uma câmara mortuária. Guiadas sempre pela mesma senhora, encaminhamo-nos para um quarto sombrio, onde, perto de uma janela entreaberta, uma forma humana jazia silenciosa e só. Era Machado de Assis, estendido numa larga poltrona almofadada, com as pálpebras cerradas, os braços magros enrolados numa espessa manta de lã, fazendo-me pensar em Heine na agonia, ou Napoleão finando-se em Santa Helena. Cumprimentou-nos, indicando-nos duas cadeiras a