nomes, floresceu o mais desordenado verbalismo, Machado soube ser simples e equilibrado.
E nessa simplicidade e nesse equilíbrio fez o milagre de aliar o gênio da língua, o sabor vernáculo, às modificações introduzidas pelo falar brasileiro.
"O escritor que, a meu ver, asselou a nossa emancipação literária foi Machado de Assis", pôde dizer, com inteira justiça, José Veríssimo.(181) Nota do Autor
Foi ele quem, com um agudo senso da harmonia da frase, fixou na forma perfeita a feição peculiar do brasileiro, do carioca.
No contorno nítido dos seus períodos, na naturalidade das suas expressões, se insinua, dentro das linhas tradicionais do vernáculo, alguma cousa de familiar, um tom diferente, que faz o brasileiro reconhecer como seu, como fruto da sua raça e do seu solo esse homem que "prosava como Luiz de Souza".
A importância do estilo, que o nosso tempo se inclina a desconhecer e mesmo a negar, Machado de Assis a compreendeu inteiramente. Literatura é arte, e a palavra é o seu instrumento.
Assim entendida, a sua função não é apenas explicar a ideia, mas exprimi-la, de modo a colaborar com ela, a continuá-la na sua vibração.
Não basta pensar para ser escritor; é preciso sentir a unidade íntima, profunda, essencial da palavra