escreveu um testamento sério, grave, cheio de lucidez e de razão", diz no artigo já citado.
Há uma nota tímida de ternura nessa defesa... ternura respeitosa do cria da casa, dessa vez mais forte do que a vontade de nada deixar transparecer sobre as suas origens.
Mas, em São Cristóvão ou no Livramento, uma cousa é certa: o lar era dos mais pobres. Francisco José de Assis, pintor de casas, e Maria Leopoldina Machado de Assis, lavadeira, eram ambos mulatos, mulatos livres, segundo consta, e, na sua humildade, gente organizada. Casados legitimamente, Joaquim Maria parece ter sido o seu primeiro filho. Tiveram depois outro, uma menina, que morreu cedo. Sobre os antecedentes familiares de Machado de Assis, nada foi possível apurar. Mas essa morte prematura da irmã, a relativa infecundidade desse casal de operários que só teve dois filhos, a sua própria doença, permitem imaginar sérios antecedentes mórbidos.
Joaquim Maria foi um menino franzino, doentio, pois ele se lembrava de ter tido, na infância, "umas cousas esquisitas", certamente os primeiros ataques do mal que o atormentou durante toda a vida.
Mas a saúde precária não o impediu de gozar a existência solta no bairro humilde, pululante de moleques.