A gloriosa sotaina do Primeiro Império - Biografia de Frei Caneca

mandatários dos povos, estes concentrando os seus poderes na integridade da soberania(11) Nota do Autor. Copartícipe da famosa revolução de 1817, cabe-lhe acompanhar os demais patriotas na penosíssima viagem à Bahia. O que padece neste transe suficiente seria para escarmentar de rebeldias e conjurações qualquer homem que não tivesse a sua fibra espartana, o seu caráter inamolgável. Ele haure, todavia, no próprio sofrimento o ânimo de que carece para novas jornadas de temeridade e sacrifício. Dois anos depois de haver recuperado, com a honra, a liberdade, não se atemoriza ante a lembrança dos horrendos episódios dos cânceres da Relação. Por isto o encontramos sempre pugnaz, ardido em santo zelo pela pátria, assomado, arrebatado, pouco se lhe dando de ter - "a mesma sorte que Plínio no exame do Vesúvio"(12) Nota do Autor.

Frei Caneca parece haver tomado para lema de sua vida o conselho de Carlyle, de que, para lutar e vencer, é preciso antes de tudo ser sincero e não ter medo. Por isso mesmo fala sempre uma linguagem viril, igual, harmoniosa, ainda que amiúde áspera, cortante, e por vezes bravia, em que os ímpetos do lidador despertam em meio a argumentação dos problemas sutis de política e de direito, como clangores de trompas de guerra entre clareiras e penumbras de florestas remansadas. Suas palavras não comportam interpretações diferentes. Se por

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