vezes encontramos nos seus escritos alguma coisa que deixe transparecer uma vacilação, isto logo se explica pelo fato de ser preciso contornar a rigidez da lei que assegura a inviolabilidade do Imperador e configura os crimes de lesa-pátria e lesa-majestade, nos quais, apesar desta sagacidade, acaba incidindo, sob o guante judiciário da comissão militar.
Ele não se disfarça, jamais, para ferir o adversário. Não procura, entre os pequenos, o alvo de suas objurgatórias. Seu caráter é inteiriço. Suas atitudes claras como reflexos de sol em lâminas de aço. Se alguma vez fere a outros que não o Imperador, seus conselheiros, ministros, ou delegados nas províncias, é porque servem de instrumento à política dos que ele acusa de antiliberais e despóticos.
Sua linguagem ainda hoje surpreende pela bravura e pelo destemor. É um homem prodigioso em relação ao seu meio e ao seu tempo. Atravessa a planície trepidante de 1817 a 1825 como um pioneiro que não torce o passo aos clarões dos vulcões nem se precipita em fuga desabalada porque atrás dele estruja o tropel dos cavalarianos, centuriões dos Braganças, desfechados em doida correria e levando como senha a ordem de aniquilamento dos liberais e dos pensadores insubmissos. Segue certo ao fim, sem outro elmo que o das suas ideias, sem outra viseira que a do amor da liberdade, aqui impassível, ali arrebatado, mas sempre com o sorriso do otimismo nos lábios e a fé cantando no coração. Lá está o derradeiro número do Typhis Pernambucano, o instrumento maravilhoso de seu espírito. Quando já é indisfarçável a vitória das armas imperiais, quando o anjo da morte, como nos versos de Castro Alves, já lhe cose a mortalha de condenado, ela ainda invectiva os fracos, os pusilânimes, os poltrões, concitando-os a se erguerem no arranco