A gloriosa sotaina do Primeiro Império - Biografia de Frei Caneca

Personalidade forte, na expansão de suas energias físicas e mentais, não pode Frei Caneca fugir à sua condição de homem, da qual o principal atributo é a virilidade. Não se podendo casar, por força da lei da Igreja, ele se amanceba. Fala o testemunho de seus contemporâneos, que a tradição perpetua. A delicadeza deste assunto manda calar nomes e evitar maiores indagações. Basta registrar que ele não pode subordinar-se ao imperativo categórico do dogma católico. Não lhe agrada, de fato, o conceito egoístico dos versos de Delavigne:

"Dam mon gouvernement, despotisme complet:

Je rentre quand je veux, je sors quand il me plait;

Je dispose de mois, je m'appartiens, je m'aime,

Et sans rivalité je jouis de mois-même.

Celibat! Celibat! le lien conjugal

A ton independence offre-t-il rien d'egal?"


Antes, sua natureza o conduz a preferir os de Emile Angier:

"Le celibat, moine, désert et rude,

N'est plus la liberté, mais bien la solitude..."


Assim tem íntimas ligações com uma senhora, da qual lhe vêm alguns filhos. Tal é a tradição. Quantos? Quais foram eles? Que destino tiveram?

Se os mesmos que lhe herdaram o sangue e o nome não lhe publicaram a paternidade, submissos ao preconceito social e tementes do escárnio público, não sejamos nós quem lhes descubra esta ascendência.

A pessoa encarregada pelo então presidente da província de Pernambuco, sr. Henrique de Lucena, de rever as Obras de Frei Caneca, aludindo em "Advertência ao Leitor" ao desaparecido manuscrito de sua História de

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