redundou em origem de piores desinteligências) tudo isso eram motivos para disputas nem sempre à altura dos dois poderes litigantes. Isso é que explica o número avultado de sacerdotes que sempre discordavam da orientação seguida pela própria Igreja nas suas relações com o poder público.
Feijó, por exemplo, que ainda não foi julgado com o critério que exige a sua marcante personalidade, nos surpreenderia pelas atitudes rebeldes que assumiu contra a Igreja se não soubéssemos que era um sacerdote exemplar, de vida puríssima e acima de qualquer suspeita.
Hoje, que se pode examinar com mais segurança o seu tempo e as suas ações, verifica-se a profundidade do seu amor e da sua golpeante sinceridade quando propunha as medidas que o incompatibilizaram com a Igreja. O meio moral do seu tempo era de ínfimo teor, e as medidas anticelibatárias que propôs em relação ao clero eram destinadas, no seu entender, a extinguir o mal maior da perversão e da imoralidade pública. A sua condição de filho espúrio não deixa de lhe ter influído poderosamente no espírito, quando se inclinou a romper com uma organização que agravava os males de uma época de frouxa moralidade.
Deixando de parte os brilhantes ensaios teóricos que escreveu sobre o celibato clerical, nos quais transparece a sua sinceridade de propósitos, vamos encontrar essas ideias em perfeita eclosão prática, quando ministro da Justiça e regente do Império.
O aviso de 12 de março de 1832, dirigido ao episcopado brasileiro, é uma prova comovente da sua sinceridade, e que precisa ser conhecida de todos:
"Excelentíssimo e Reverendíssimo Senhor — Se a religião católica é mantida pela Constituição por ser a religião dos brasileiros, de cujas verdades estão convencidos;