O padroado e a Igreja brasileira

Se a sua moral, tão pura e santa, tanto concorre para dar vigor às leis, tornar mais sólidos e permanentes os princípios sobre que repousa o sistema constitucional;

É também inegável que a superstição, a hipocrisia e meras exterioridades religiosas só servem para desacreditar a verdadeira religião, tornarem-na ridícula aos olhos do homem sensato, e um objeto de curiosidade e divertimento para com a multidão que não pensa;

Não podendo dissimular-se que a causa principal da irreligiosidade que, com mágoa dos verdadeiros crentes, se observa em todo o Império é devida a má escolha dos ministros da religião;

À negligência dos prelados em regular o culto pelas leis da Igreja, consentindo que nele se introduzam tantos abusos, tolerando que nos templos as festas se façam até de noite, onde se desenvolve com escândalo notável a perversidade daqueles que nenhum caso fazem da celebração dos santos mistérios;

À nenhuma importância que deu às queixas dos fiéis contra seus párocos, que, recebendo do tesouro público e dos paroquianos não pequenas contribuições, contentam-se em praticar exteriormente certos atos sem importar-se com a mais útil, a principal de suas obrigações, que é plantar a semente dos bons costumes e promover assiduamente, com a palavra e o exemplo, a prática da moral evangélica; consentindo que por pretextos visivelmente falsos os vigários se retirem e se conservem fora de seus benefícios onde ainda enfermos poderiam prestar grandes serviços, se estivessem animados do espírito de seu sagrado ministério;

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