"Augustos e digníssimos senhores representantes da Nação, entre nós a moral foi sempre um objeto religioso, e feliz o povo cujas máximas de virtudes vindas do céu não estão sujeitas ao capricho, e às paixões dos homens. Enquanto a religião cristã foi respeitada; enquanto sua moral foi ensinada; quando seus ministros davam o exemplo da santidade da doutrina, que professavam os brasileiros, ainda semibárbaros, não obstante um governo despótico, que os humilhava, deixavam entrever um fundo de honra e probidade, certo respeito, e veneração à virtude, o que hoje é bem pouco vulgar. Elevai a religião ao seu antigo estado. Não espereis da mesma Igreja a reforma de que ela necessita; a maior parte dos prelados, dos sacerdotes, e dos ministros de culto, tem se esquecido inteiramente dos seus deveres. Contentando-se com exterioridades, percebendo unicamente as vantagens do seu ministério, grande é o mal que ocasionam à religião. Nenhum é o proveito, que os povos tiram de não pequenas somas, com que contribuem debaixo de diversos pretextos para a manutenção do mesmo culto.
Sem que a assembleia invada o domínio espiritual; sem dar motivo a justas queixas da autoridade eclesiástica; usando do direito, que ninguém lhe disputa, de admitir somente as leis disciplinares que tiverem de acordo com as leis, com os usos e costumes da nação brasileira, e negando ou suspendendo o beneplácito a todas as outras leis; está principiada e concluída a indispensável reforma. Nem é de presumir que os eclesiásticos do Brasil, conhecendo a pureza das intenções dos representantes da Nação, e a legitimidade das suas deliberações,