O padroado e a Igreja brasileira

a doutrina democrática e liberal consubstanciada no espírito dos republicanos.

Cesar Zama, o deputado católico ardoroso que tanto se bateu pelos interesses da Igreja por esse tempo, foi o primeiro a saudar a liberdade que a Carta conferia aos católicos, e o fez em discurso pronunciado a 29 de janeiro de 1891 na Câmara constituinte, no qual continha estas palavras:

"Antes de prosseguir, agradecerei aos ilustres sectários das escolas positivista e comtista, que aqui têm assento, o auxílio sincero e valioso, que vêm prestando a nós outros, que temos defendido os direitos dos católicos.

Esses moços, por honra deles o digo, desde que aceitam um princípio, aceitam, resolutos, todas as consequências que dele decorrem.

Recebam eles, por meu intermédio, o agradecimento dos católicos".

A 21 de fevereiro era, enfim, promulgada a carta constitucional que codificava as aspirações nacionais, documento de alta beleza humana que nos deu quarenta anos de ordem e de progresso em todos os sentidos, malgrado as recriminações hipócritas daqueles mesmos que a deprimiam porque não sabiam ou não queriam interpretá-la em toda a sua admirável harmonia.

A própria Igreja, entretanto, que acabava de sair do regime de escravidão que 60 anos de Império lhe haviam brutalmente infligido, se levantou contra o regime criado pelo decreto 119, origem do seu esplendor e da sua legítima liberdade.

A pastoral coletiva do episcopado, de 19 de março de 1890, é um documento diante do qual o historiador se perturba e estarrece, não encontrando solução para o atordoante problema de psicologia que o subjuga.

O padroado e a Igreja brasileira - Página 285 - Thumb Visualização
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