abrir portas a restrições odiosas dessa liberdade"; sem contudo apontá-las no exame que transcrevemos.
Mas, depois de tudo isso, depois de enxergar no projeto a aurora da libertação religiosa do povo brasileiro, vem essa desconcertante lamentação que nos faz recair novamente naquela incompreensão e espanto a que nos referimos atrás. A gente tem a impressão de estar em presença de um perfeito caso de amnésia total, quando ouve estas palavras saídas da boca do próprio D. Macedo Costa, uma das maiores vítimas do regime de comunhão de poderes:
"Ó Santa Igreja Católica! Igreja de Deus vivo! Eis-te, pois, privada da coroa de honra com que nesta terra te cingiram a fronte os nossos maiores, os ínclitos estadistas que fundaram a nossa nacionalidade! Bem que imbuídos no liberalismo da revolução francesa, eles te respeitaram, eles te mantiveram no posto soberano que já ocupavas, e consagraram na carta constitucional os foros que tinhas e terás sempre, de Igreja do povo brasileiro!"
Quem conhece a história das relações da Igreja e do Estado no Brasil, que este obscuro trabalho procurou resumir nesta hora de novas preocupações sociais e políticas, não pode compreender essa frase da pastoral coletiva do episcopado brasileiro. Já não se levando em conta a hesitação que caracteriza esse importantíssimo documento, as palavras que transcrevemos só nos pode levar a uma conclusão: — Os bispos do Brasil que as proferiram não tinham mais, àquela data, consciência do que fora para a Igreja todo o longo e doloroso período de união de poderes. Isso, ou a explicação dessas incoerências estaria no estado de depressão que os levara até às formas do delírio, que o pavor incute sempre aos ânimos abatidos.