O padroado e a Igreja brasileira

Quando um deputado propunha na Câmara, como sucedeu, que os missionários estrangeiros pagassem na alfândega um conto de réis cada um, para lhes ser permitida a entrada no Brasil, acudia um canonista, evidentemente deslocado naquele forte ambiente de liberalismo quereloso, que a autoridade dos reis fosse equiparada à lua, recebendo a luz do sol, que no caso era o papa...(I) Nota do Autor

E foi assim, desde 1827 até o embate de 1873, em que a luta assumiu as proporções de guerra civil com a prisão de dois bispos.

Na Santa Sé pontificava Pio IX, talvez a mais perfeita organização de estadista nos moldes reclamados pela autoridade incontrastável de que se arroga a Igreja. Um simples fato, narrado por José Carlos de Macedo Soares, é o bastante para fixar-lhe os contornos rígidos da personalidade dominadora: três semanas após a sua eleição, resolveu Pio IX conceder anistia ampla a todos os presos ou exilados políticos dos Estados Pontifícios. Deliberou, porém, ouvir previamente a opinião dos cardeais sobre o projetado ato de clemência. Expondo-lhes em Consistório sua opinião, o papa fez proceder, em seguida, a votação secreta, a fim de conhecer a maneira de pensar dos purpurados. O maior número de bolas recolhidas eram pretas. Pio IX, tirando o solidéu

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