Os indígenas do Nordeste – 2º vol

provavelmente de origem exótica para os demais ameríndios brasileiros).

No campo das ideias religiosas encontramos, também, um notável desnivelamento cultural entre os jês e os tupi-guaranis. Entre os jês, os mitos apresentam-se pobres e raros, o que denuncia uma simbiose mística mais íntima dos indivíduos com o grupo, ou do grupo com os grupos, uma vez que a mitologia florescente dos tupi-guaranis mostra ser a mesma um produto mental proveniente do esforço com que estes indígenas procuravam realizar uma representação que já não podia ser imediatamente divida ou sentida. Mostra a mitologia túpica uma afirmação da conciência individual e uma participação menos constante do grupo social com o grupo dos objetos e seres ambientes.

Poucas considerações, nesse sentido, podemos tirar quanto ao ritual mágico, que preside as principais atividades do indígena nordestino (nascimento, puberdade, matrimônio, caça, pesca, etc.). Cumpre notar, todavia, que a cerimônia mística do parto na mata era peculiar aos jês; as festas da iniciação ou da puberdade, entre os mesmos índios, tinham uma feição mais confusa ou vaga, uma vez que o conceito da autoridade pública, que começa com essas festas, era menos acentuado nos tapuias do que nos tupis. Ao contrário do que julga Métraux, a saudação lacrimosa significava um rito de polidez cuja difusão não se deve aos tupi-guaranis: a primitividade de tão extranha prática entre os jivaros veio invalidar a tese do insigne americanista francês. Nas danças e cantos, cada grupo cultural-linguístico possuía os seus caracteres próprios. Consideramos o endocanibalismo

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