fiquei tremendo, a rezar baixinho, sentindo abrir-se a porta e alguém entrar em passos surdos... Ah! medo..."
* * *
Em 1856, outra epidemia, essa de "cólera", o faz deixar o "Engenho Moreira" pela vila do Lagarto, de onde saíra havia cinco anos e onde se demoraria até 1863.
O Lagarto era, na época, "uma terra onde os festejos populares, reisados, cheganças, bailes pastoris, taieras e os bumba meu boi imperavam ao lado das festividades religiosas"(16). Nota do Autor
Só mais tarde, porém, se beneficiaria Silvio dessas festas "dirigidas pela velhice alegre para encanto dos moços e da criançada"(17). Nota do Autor
No ano em que chegou do engenho, o "cólera" as substituíra pelas cenas mais tristes.
"Lembra-me bem a chegada à casa paterna, em meio à epidemia — conta ele a João do Rio(18) Nota do Autor. Numa vasta sala (era a sala de jantar), junto a uma das paredes laterais, em colchão posto no chão, agonizava minha irmã Lídia, a primeira deste nome. Minha mãe, chorosa, sentada perto da doentinha, punha-lhe botijas de água quente, fervendo, aos pés. Meu pai, ainda muito vigoroso, e um senhor que eu não conhecia (era o médico) preparavam numa mesa, ao meio da sala, um emplastro de não sei que substância. A menina, muito formosa, nos seus quatro anos, muito esperta, muito inteligente, muito pegada com minha mãe, só tinha, então, vida nos seus enormes olhos. Que estranho olhar! Alumiou-me tristemente a entrada na casa de meus pais