Sílvio Romero, sua formação intelectual, 1851-1880, com uma indicação bibliográfica

e tem-me brilhado através da existência por cinquenta anos seguidos sem se apagar. A volta à casa era, assim, feita em meio de tristeza. A peste continuou a lavrar com intensidade. Lídia morreu. Minha mãe, atacada depois, esteve a se partir também. Muitos escravos de estima faleceram. Eu nada tive, mas acendeu-se-me n'alma uma tão intensa saudade do "engenho" que me torturou por anos inteiros. Quando, aos domingos, meus avós vinham à missa na vila, minha alegria era sem par. Os encontros com Antonia eram festejados com lágrimas de contentamento. Mas as separações, quando tinham de regressar ao "engenho", eram o inferno!

* * *

Dos cinco aos doze anos, ficou Silvio no Lagarto, em casa dos pais.

Nada, então, lhe faltava, pois o pai "era negociante de bons haveres"(19). Nota do Autor

A saudade do "engenho", todavia, aumentava de ano para ano.

Não tanto pelas separações dos avós e da Antonia, que, nos primeiros tempos, tanto o torturavam.

Mas por outra consequência da educação fora de casa — a inadaptação inevitável à família.

"Criado fora até aos cinco anos, eu era, no princípio, como estranho aos meus irmãos mais velhos, que me faziam troças e me maltratavam, muitas vezes, com essa malignidade própria dos meninos. Daí um estado d'alma que se produziu em mim e ainda hoje perdura. Habituei-me, cedo, a ser paciente, sofredor, ao mesmo tempo desconfiado, suspicaz talvez, e, ainda por cima, resistente e belicoso..."(20). Nota do Autor

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