dermatoses caracterizadas por diferentes alterações discrômicas da pele.
Em nenhuma das pesquisas micológicas realizadas no México, na América Central, nas Antilhas, no Equador, na Venezuela e na Colômbia, foi verificada a presença de dermatófitos que correspondessem aos caracteres do gênero Endodermophyton ou de manifestações cutâneas comparáveis às das endodermofíceas do Oriente Asiático e das ilhas da Oceania, à moléstia que lá se conhece com o nome de tokelau. Isto é tanto mais de notar quanto a Castellani não poderiam ter escapado tais ocorrências, a ele que criou o gênero em questão, separando-o dos tricófitos e epidermófitos, e que tão longa e detalhadamente estudou o tokelau. Não quer isso dizer que se deva excluir a possibilidade de que, entre as diversas dermatoses englobadas sob nomes genéricos de caraté, pinta e cute, não se venha um dia a encontrar também uma endodermofícea qualquer. Isso, não somente é possível, como é até provável, desde que se realizem estudos mais demorados sobre o assunto e se investigue um maior número de casos sob os pontos de vista clínico e micológico.
No Brasil, além das referências já citadas feitas por Ulysses Paranhos e Caramuru Paes Leme, de uma doença dos índios Carajás que eles erradamente identificaram ao tokelau, são conhecidas outras dermatoses endêmicas entre os índios de tribos selvagens.
De todas, a mais antigamente citada é o purupuru ou kurukuru que se observa entre indígenas da Amazônia, mais frequente em certas bacias fluviais em particular nos rios Purus e Juruá, o primeiro dos quais à frequência da enfermidade deve o nome por que é conhecido. De fato, o nome Purus deriva de purupuru "que, — diz Labre —, quer dizer pintado (ou Myra-puru-puru, gente pintada, em língua geral)", o nome primitivo dado ao rio pelos índios Paumaris, sendo Waini, outros nomes sendo usuais em diferentes tribos conforme o dialeto utilizado.
Purupuru é um nome que se encontra no Diário de Viagem da Capitania de São José do Rio Negro, 1774 e 1775, de Ribeiro de Sampaio, publicação feita em Lisboa no ano de 1825. Ribeiro de Sampaio encontrou a dermatose entre os índios Catauixis. Spix e Martius, W. Chandless, o Cônego F. Bernardino de Souza, Ehrenreich, Koch-Grünberg, A. R. P. Labre, Heliodoro Jaramillo e outros etnógrafos, exploradores, cronistas e viajantes têm trazido informações nem sempre concordantes sobre a dermatose, tal como ella é observada principalmente entre os Paumaris e Juberis. Entre os médicos que reuniram dados sobre a doença devemos recordar