pontos, entretanto, esses filamentos se acham dissociados em artículos, oídios ou artrósporos análogos aos que se observam nos cogumelos do tipo Mycoderma (sensu Vuilemin). Um caráter particular dos filamentos micelianos encontrados nas escamas de chimberê consiste na presença, no interior das células do micélio, quando este é examinado na potassa a 40% ligeiramente aquecida, de granulações pigmentadas especiais. Essas granulações têm dimensões variáveis e, com o tamanho, varia a coloração que apresentam, do vermelho acastanhado nas menores, até o amarelo dourado brilhante nas granulações mais volumosas. Que o saibamos a presença de tais corpúsculos não foi até agora assinalada em nenhum outro parasito das tinhas e, tanto quanto podemos deduzir do pequeno número de casos estudado, constitui aspecto particular e característico do parasito do chimberê.
Depois de alguns insucessos que se devem atribuir à ausência de parasitos microscopicamente verificada em algumas escamas, sem dificuldades maiores pudemos isolar o cogumelo. Ainda nos foi possível utilizar meio de prova de Sabouraud preparado com a maltose bruta verdadeira de Chanut, tal como era fornecida antes da grande guerra e que hoje não é mais encontrada no comércio. O cogumelo dá nesse meio culturas cerebriformes, glabras, úmidas, de um amarelo em vários pontos tendendo para o avermelhado, fazendo saliência à superfície da gelose. As culturas mantidas por muito tempo no laboratório perdem um pouco o aspecto característico, desaparece a coloração avermelhada, a cultura torna-se seca, recoberta de delgada camada de hifas aéreas brancas, menos saliente e de aspecto menos cerebriforme que as amostras recentemente isoladas. Ao microscópio, nessas culturas, só se encontra um delgado micélio ramificado e septado, cujos únicos elementos reprodutores são clamidósporos terminais e intercalares. Às vezes, aí também se encontram certas ramificações do micélio que lembram um rudimento dos chamados candelabros fávicos.
Os caracteres do parasito, na lesão e nas culturas artificiais, permitem desde logo identificá-lo como um novo tipo do gênero Endodermophyton que Castellani criou em 1909. Aliás, feito o exame clínico do primeiro caso estudado de chimberê e verificada a presença de filamentos micelianos ramificados e septados nas escamas das lesões, pudemos logo prever o isolamento de um Endodermophyton. Se assim foi, é porque nada há mais típico e característico em dermatologia do que uma lesão de endodermofícea: as grandes placas acrômicas, escamosas em toda a sua extensão, constituem um quadro clínico inconfundível e que