II
Senhor Miguel Osório,
Como se fora um prêmio, deu-me a Academia Brasileira o honroso encargo de receber o sucessor de Medeiros e Albuquerque.
Este lugar onde estou, pelas tradições e pela grandeza dos que por aqui transitaram, é sempre luminoso; tem brilho bastante para que ninguém repare agora naquele que está falando. Uma alegria cheia de saudade — o ser chamado a celebrar convosco a lembrança imperecível de um grande amigo, que foi dos mais claros e burilados espíritos do país. Contentamento e ufania também por serdes vós quem sois: um companheiro muito mais moço, admirado e querido.
Um poeta, ainda que dos maiores, no me pareceria muito à vontade na herança de Medeiros. De certo os seus versos são lindos, mas a poesia, naquele eterno apaixonado das pessoas e das coisas belas, sempre foi atitude transitória. A arte de exprimir os pensamentos sob metrificada forma parecia-lhe exausta; a extinção da métrica, longe de empobrecer as letras, quebradas as simetrias, virá permitir que as ideias sejam transmitidas mais amplamente. É o que ele pregava: "O essencial é que o pensamento se exprima bem."
Um poeta acrescentaria... e da maneira mais bela possível... as o talento de realizar era tão grande naquele homem lógico! Apesar de tudo deixou versos deste porte: