Mais que outro qualquer podeis dizer, com autoridade, se Medeiros não foi o sábio transviado nos labirintos da política, do jornalismo, da literatura.
A sua refinada sociabilidade, a extrema simpatia, não consentiriam que Medeiros vivesse aprendendo para o seu egoísmo e prazer pessoal exclusivamente. Timbrava em repartir com os companheiros o que ia colhendo. Os seus amigos sabem da alegria com que mostrava as novidades que descobria na imensa bibliografia constantemente manuseada. No seu ex-libris, entre outros atributos profanos, há um diabo lendo. Pois o Príncipe Vermelho não deve ter aprendido muito na interessantíssima biblioteca de Medeiros, porque os livros estavam sempre nas mãos do proprietário e senhor, que não lhes dava tréguas nem descanso.
A graça natural, o bom gosto, a erudição de boa escolha, davam às conferências de Medeiros um encanto superior. Talvez sejam elas o melhor da sua produção, mesmo do ponto de vista social, porque, ali, foi agente dos mais eficazes na divulgação da ciência, da arte e das letras.
Trabalhou por elevar o nível intelectual da sua gente. Eu não conheço nenhum serviço que mais obrigue a gratidão da posteridade. Deve ser posto ao lado de João Ribeiro, mesmo ao vosso lado Sr. Miguel Osório, visto que na vossa bibliografia não há somente relato de novas descobertas, pesquisas originais, mas também muito do que de melhor em matéria de ensino público se há feito por aqui. Dos seus trabalhos, os que Medeiros mais prezava eram os de psicologia teórica e aplicada. Não é a ocasião própria para discutir se ele tinha razão. Com segurança e sem desmedido elogio pode dizer-se que realmente conseguiu sozinho galgar as culminâncias das ciências difíceis da sua preferência. De passagem quero citar o que fez para difundir as doutrinas de James, a psicanálise e tantas outras.