Ensaios brasilianos

Não deixarei no esquecimento os seus estudos de hipnotismo, que Miguel Couto prefaciou e o seu admirável pequenino volume dos Tests, além dos artigos que autorizadas publicações especializadas acolheram com apreço.

A respeito da sua vida de administrador ouvimos há pouco Mauricio de Medeiros. Quantas medidas interessantes e úteis ele pôs em prática ou aconselhou! No Distrito Federal, o primeiro Laboratório de Psicologia Experimental foi sua criação.

A 9 de junho de 1934 desaparecia Medeiros e Albuquerque deixando uma obra magnífica e sincera saudade. Nestas salas a sua voz encantou multidões, acendeu debates. Nunca, mesmo nas mais fortes discussões, tratando de assuntos ou pessoas que o apaixonavam, deixou de ser o polido e atencioso adversário, companheiro bem humorado e prestante. A Medeiros e Albuquerque e a Affonso Celso, nosso querido presidente pela doença de nós afastado, devemos um espetáculo de rara beleza. De Pedro II, que para Affonso Celso é sempre "o Magnânimo" na constante e veneranda admiração, Medeiros mais de uma vez disse francamente o que pensava. Sempre Affonso Celso retrucava no protesto de todos esperado e ouvido com respeito. Entre os dois homens tão sinceros jamais houve uma frase ou um gesto ásperos ou maus, no tratar da pessoa do monarca ou de outros casos que também os separavam. Por estes tempos de intolerância e de força, quando por toda parte tentam reviver práticas em que o pensamento é mais torturado, às vezes, do que o corpo, deixai-me dizer que a cena era digna do encontro das duas almas diferentes e amigas fazendo da Academia um lugar de grande bem-estar espiritual. Nem vos posso indicar o que mais crescia na minha estima pelo exemplo que davam de tolerância e respeito do pensamento alheio.

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