Ensaios brasilianos

E não achareis fora de propósito eu, que a todos vos conheço e quero, amigo de muitos anos, recorde agora o nome de Alvaro Osório, nosso mestre insigne e modesto, que não esqueceríamos jamais, no momento do vosso merecido triunfo. O caráter dos vossos trabalhos de fisiologia experimental é definido pelo arrojo das concepções, segurança da técnica, quase sempre criada por meios próprios, a tenacidade com que perseguis a verdade que se esconde e negaceia, quando no determinismo das indagações aproveitais recursos precisos, inclusive os do simbolismo matemático. Será impertinência dizer que os leitores, em alguns casos, desejariam linguagem mais biológica e menos algébrica como Johannsen queria o estudo dos fenômenos da vida: com matemática e não como matemática... No entanto a razão está do vosso lado. Lê-se no admirável Bayliss que, no fim de contas, os fatos vitais são sempre, em essência, mudanças, variações infinitesimais e portanto é tempo dos biólogos se prepararem no cálculo indispensável às teorias de sua ciência. Ainda aí, no Brasil, estais entre os pioneiros.

Mais de 150 memórias, notas ou monografias, versando assuntos originais, opulentam a vossa bibliografia científica. Seria evidentemente impossível esmiuçar uma por uma as notáveis pesquisas; hei de apontar, entre tantas, duas ou três, onde o vosso talento de sábio e filósofo mais se revela e confirma. Toda a fisiologia tem merecido vossa atenção: os reflexos, a respiração, a excitabilidade dos nervos e dos músculos, as funções nervosas da pele, a circulação, a termogênese...

Dos vossos estudos sobre o vestuário nos climas quentes, não direi nada. Não desejo afligir os moralistas sisudos que a moda feminina, de tão pouco pano, irrita e desconsola. Não lhes direi uma palavra das vossas conclusões.

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