Ensaios brasilianos

Cabe-vos, como se vê, louvor especial, ao caracterizar a estupenda túnica protetora e sensível receptora específica dos apelos do mundo, condicionando os impulsos de onde surgem sentimentos e ações, fontes de que brotam as raças.

Pensam muitos que o determinismo científico morreu de uma vez porque os físicos não podem dizer qual seu o átomo que há de explodir num momento dado, quando afinal, hão de ter todos a mesma sorte. Mas que vale um milímetro na medida da distância que vai da Terra ao Sol? Trabalhos como os vossos feitos com precisão e honestidade são, de fato, um conforto para os que esperam tudo da ciência — na ordem moral, na ordem intelectual e na ordem prática.

Há mais de meio século vem os sábios trabalhando para explicar os interessantes fenômenos da excitação elétrica dos nervos. Por múltiplas razões o problema apresenta dificuldades transcendentes. Depois de nove anos de pesquisas e cálculos, mil vezes renovados, corrigidos e acrescidos, conseguistes formular uma teoria geral da excitação, vosso trabalho capital que por isso mesmo tem de aparecer hoje aqui, ainda que numa breve menção. Mal de mim que não conseguirei, dar, nem de leve, a medida do que nele existe de profundo e belo! Resolvestes abordar o problema tentando uma teoria puramente matemática, sem nenhuma hipótese físico-química. A base da vossa edificacão? Admitir que sob a ação do estímulo surgem nos tecidos excitáveis, dois fenômenos opostos: um proporcional à intensidade da corrente, outro proporcional à perturbação produzida e ao tempo decorrido desde o início. Vossa teoria explica a reóbase, fundamento da cronaxia, de tão largo emprego na prática dos médicos; e dá conta do fato surpreendente, conhecido desde os tempos de Du Bois-Reymond, de não agir sobre o nervo a corrente contínua senão no fechamento

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